Entro sem ser convidada. Piso delicadamente cada tábua e vivo uma vida que não é a minha.
Apenas o meu olhar toca em cada memória sem interferir nas alegrias, nem nas tristezas que não me pertencem.
Cheiros? Só os da ausência.
Ouço o ranger dos passos que
me perseguem. O coração desassossega, há um ontem que dói, e é no vazio da minha voz que me atrevo a libertar a solidão do tempo.
A vida é sem dúvida um
espaço. Aqui e ali vão caindo
fragmentos do passado que já ninguém quer.
A janela, ilumina lugares vazios cheios de presença. As camas , a intimidade que já foi amor.
Hoje os sonhos... são apenas pesadelos.
Bem devagar, percorro cada
segredo...
cada passo que não chegou a sê-lo.
A casa ainda respira …
saio em silêncio para a manhã fria. E...
nesse preciso momento, ouço o último suspiro.
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