quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

2012




"O dia depois de amanhã será o dia das artes, da escrita
e da música. Dia de brilhar a gramática, e a maturidade.
Corpo de árvore e de mãe, sopro dos vivos que estão vi-
vos. Dia que mexerá no sangue, nos livros, no começo
das coisas. O dia dos que lavram, dos que colhem, o dia
sim, o dia sempre, primeiro dos dias limpos, amplos, in-
finitos. Por isso, amanhã não será o dia. Não será o pro-
dígio. Não será a vertigem. Amanhã é a mesma ferida de
hoje, sem fogo, sem cura, sem coragem.
Voto no dia depois de amanhã. Voto em cada coisa que
se expõe numa aura de luz, voto no poder do amor e no
poder do fogo, no âmago e no corpo da canção. Voto em
tudo o que se prolonga e se diverte. Voto na imaginação.
Voto no início e no fim dos equilíbrios. E voto na memó-
ria do futuro.
Porque no dia depois de amanhã acreditarei em ti. E em
mim. E no perfume das vozes que hoje cantam em silên-
cio."
Joaquim Pessoa

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